Afinal Deus existe mesmo?

Semper fui uma garota muito insegura, dependente e carente. Cresci SEMPRE com uma verdade imposta de que devemos ser fortes, crentes, corajosos, ambiciosos e cautelosos. Nunca coloquei em causa as crenças religiosas e culturais que me foram incutindo até a idade adulta. SEMPRE imaginei que tinha lá em cima, em algum lugar, um Deus grandioso que observava com me comportava e o que fazia como uma agência. Se bem se mal. Se castigava se presenteava. Inconscientemente SEMPRE conduzi as minhas ações em prol dessa “verdade”. Muitas vezes deixando de lado as minhas falas, vontades e opiniões. calando para não magoar, consentido para não contrariar, oferecendo a outra face a quem me esbofeteasse … assim por diante. Até que achei o dia em que me senti demasiado castigada e pus tudo em causa. Que raio de Deus tão generoso que ele é, se apesar de viver mais ou menos em conformidade e segundo as regras me castiga de tal forma que me leva quase à morte e agora me deixa dependente para o resto da vida de médicos e medicações. Que raio de Deus, que diz que somos filhos dele, me deixa em tamanho sofrimento diário sem eu saber o que fiz para merecer isto. Nao é amor! Ou eu sou muito má e ele se zangou, ou então nada disto faz sentido …
Foi aqui que a minha vida deu uma volta completa. Foi neste ponto que o meu mundo foi virado de pernas para o ar. Foi neste ponto da minha existência em que mais me perdi… foi exatamente nesta altura da minha vida em que deixei de acreditar em quase tudo o que me foi imposto e transmitido acerca de Deus e da minha religião. Digo minha, porque foi a única que me ensinaram.
Cheguei a um desespero total. Nada corria bem. Não conseguia ver nada além da minha dor e desespero. O meu mundo estava pintado de preto, sem cor, sem alegria, sem razão de viver…
Aos poucos o silêncio era melhor que qualquer burburinho existente, a solidão era melhor que qualquer companhia, a dor era imensamente maior que qualquer forma de prazer. O desânimo cada vez me puxava mais para dentro do buraco negro em que fui caindo. E não havia forma de voltar a ver a luz. Não havia forma de o meu Deus me salvar…Afinal cheguei á maldita conclusão de que ele não existia. Ele não estava lá no céu como sempre me disseram. Ele era como o pai Natal dos adultos. Todos esperam por ele, mas ele não passa de uma utopia concebida para nos trazer alegria e prendas.
O pânico cada vez era maior, não consegui mais refazer a minha vida. Uma simples ida ao supermercado era um pesadelo. Uma simples viagem de carro, um tormento. Um pouco mais de barulho, um pavor e desalento imenso. Só queria dormir e até isso já não era possível pois o medo tinha me tomado por completo. Senti que aqui bati no fundo do poço. E aqui onde me encontrava agora não consegui vislumbrar luz alguma. Calmantes, ansiolíticos, analgésicos, faziam parte da minha rotina. Aliás, acho que era, das únicas rotinas que mantinha nesta altura.
Só me sentia bem dentro de um hospital. Ali talvez me pudessem salvar da morte certa. (Como se todos não fossemos morrer um dia.)Mas eu não queria que fosse já. Apesar da minha vida estar de pantanas eu ainda queria viver. Queria ser feliz. E então, um dia, num sonho, perguntei a alguém porque não sou feliz. Acordei com essa pergunta feita por mim na cabeça. Porque? O que era a felicidade? Será que tinha a mesma designação para todos os seres da mesma forma? Ou será que vemos a felicidade de perspetivas diferentes!
Comecei a ler que era algo que sempre amei. Comecei a pesquisar mais sobre medos, ataques de pânico, ansiedade, religião etc. os sonhos continuaram, muitos na verdade, cada um mais confuso que o outro. Não estivesse a minha vida no mesmo estado de confusão… num dos sonhos lembro-me que estava a falar com alguém, qualquer passagem da bíblia que nunca quis ler, sei que foi algo importante e que estava a contar os meus medos. Nesse sonho foi-me dito “não temas”. Foram as únicas palavras que me recordo depois de acordar. Quando acordei entrei em pânico. Lembro-me de pensar, bem se me disseram não temas de certeza que vou morrer. Sim deve ser para não temer, pois a morte vai-me levar e todo o sofrimento vai acabar!
Mais uma vez comecei a pesquisar aqui e ali. Confesso que até a bíblia fui ler e tentar perceber quais as passagens onde se falava não “temas”. Foi uma busca incessante. Momentos em que me sentia impelida a procurar, a descobrir, a encontrar alternativas… e momentos de puro sofrimento e pânico.
Foi aqui que a minha vida deu outra volta e descobri, por mero acaso, pessoas que me foram encaminhando e ajudando. Aprendi a colocar metas a mim mesma.
  • Vou deixar a medicação (vou concentrar-me e aprender a meditar)
  • Vou deixar de ver o mundo preto( vou focar as cores q estão a minha volta)
  • vou conhecer os meus medo mais profundos( vou sair, vou focalizar, vou respirar fundo)
Uma pessoa ofereceu um livro, outra mostrou-me o caminho da aceitação, outra sorriu, outra abraçou. Aos poucos sem saber como, foi como se a vida se encarregasse de me apresentar pessoas que me poderiam salvar e mostrar o caminho. O meu caminho.
Agora, ao fim de 15 meses, consegui descobrir muitos dos meus medos. Medos escondidos dentro de mim, inseguranças fechadas a sete chaves, carências afetivas ocultas no mais profundo do meu ser.
Muito através da meditação, do auto conhecimento, do silêncio que se fazia sentir quando me sentava a meditar e conseguia ouvir o que o meu corpo escondia em segredo. Através da energia, dos pensamentos positivos, de olhar o céu, as flores e o mar. Dos animais, das crianças e dos sorrisos.
Consegui encontrar-me quando me perdoei, quando eu sou aceite e quando descobri a minha força espiritual. Poderia estar aqui a escrever uma catrefada de páginas que não conseguiu contar tudo o que descobri. A minha verdade.Muitas como descobertas. A Vida vai muito mais além do que o céu ou a terra. Somos muito pequeninos ao ver o tamanho infinito do que nos rodeia. Temos o poder da vida nas mãos. Eu consegui curar minha vida de algo que muitos diziam ser quase impossível (ataques de pânico / ansiedade / fibromialgia).
De uma nova coisa eu tenho uma certeza agora. Deus não está no Céu, Deus somos nós todos. Deus está em tudo o que nos rodeia. Num abraço, num gesto, numa flor, numa memória. Ele é Amor. E tudo se consegue com amor.

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